Blog do Jorge Nicola: Resgate Santista rompe com a atual diretoria

17 de julho de 2013

Resgate Santista rompe com a atual diretoria

Luis Alvaro perde o apoio do grupo com o qual se elegeu
A crise política do Santos vai atingir nesta quarta-feira seu momento mais intenso. É que a Resgate Santista, grupo com o qual Luis Alvaro de Oliveira se elegeu em dezembro de 2009, vai anunciar nas próximas horas que não apoia mais a diretoria.

Ou seja, a situação perde o apoio do grupo político mais representativo. E Luis Alvaro fica ainda mais isolado, depois das demissões de diversos funcionários em quem confiava - o principal foi Armênio Netto, gerente de marketing dispensado na segunda-feira.

O blog teve acesso à carta com as explicações da Resgate Santista para o rompimento com a diretoria e fica evidente que a briga interna pelo poder foi decisiva. Em um trecho do texto, assinado por Fábio Vianna, presidente da Resgate, há até a citação ao grupo "Eu Sou Santos".

Liderado por Pedro Luiz Nunes Conceição, o "Eu Sou Santos" estaria por trás de todas as últimas demissões, com o único objetivo de tomar o controle do clube.

Abaixo, a carta na íntegra:

Nota à torcida santista

A Associação Movimento Resgate Santista convocou, no fim de 2009, a comunidade santista a buscar mudanças na gestão do Santos Futebol Clube, apresentando Luís Álvaro de Oliveira Ribeiro – o Laor – como candidato à Presidência do clube. A AMRS, contando com o apoio da Terceira Via Santista, acreditava ser necessário mudar os rumos da administração do Santos, que, provinciana e sem criatividade, refletia-se em um time sem brilho dentro dos gramados, sem receitas e prestígio fora dele. O associado santista abraçou esse projeto, elegendo Laor e sua chapa.

A AMRS teve um papel muito importante nessa eleição, por meio de uma intensa mobilização da torcida. Diversos de seus membros também participaram ativamente dos primeiros anos de mandato, que tiveram um efeito transformador na condução do clube em termos de sustentabilidade financeira, engrandecimento de imagem e de relevantes conquistas no futebol, como a Libertadores de 2011. Outros avanços inegáveis ocorreram nos âmbitos administrativo e institucional, como a expansão do quadro associativo de 15 mil para 50 mil sócios, o aumento das receitas oriundas de contratos de patrocínio e a reforma do Estatuto Social do clube, que pôs fim às infinitas reeleições e restabeleceu a proporcionalidade no Conselho Deliberativo. Temos muito orgulho de ter contribuído decisivamente – quer com ideias, quer com capital humano – para que essas modificações fossem possíveis.

Infelizmente, às escondidas, um plano de tomada de poder foi cautelosamente armado em diversas frentes (financeira, política interna da Resgate e política do Santos Futebol Clube), cujos atos começaram a ganhar corpo a partir da conquista da Libertadores de 2011. No decorrer desse processo, a AMRS passou a ser sistematicamente alijada do processo político e deliberativo de assuntos importantes. Visando concretizar esse plano, diversos titulares dos cargos obtidos às custas do prestígio político da Resgate lideraram um movimento de dissidência, que culminou com a formação do grupo “Eu Sou Santos”.

Obviamente, como esse grupo está calcado em um plano de tomada de poder e não voltado aos interesses do clube, os atos praticados por ele rasgou em definitivo todo o programa formulado anteriormente pela Resgate.

Nesse contexto, a gestão do Santos FC deixou de seguir os princípios pregados pela AMRS: transparência, democratização e profissionalização, o que vem distanciando o Santos de seus associados e torcedores. Isso pode ser percebido em diversas esferas do clube:

·         A comunicação com os associados e a torcida é muito frágil e os planos de governo são minimamente compartilhados;
·         O futebol, razão principal para a existência do clube, parece estar abandonado e desprovido da dinâmica de ação e reação tão necessária para a sua evolução;
·         As contratações de jogadores são feitas sem critérios objetivos. Esses jogadores passam pelo clube sem sequer serem testados de verdade;
·         A definição dos mandos de jogos na capital paulista, onde vive a maior parte dos torcedores do Santos FC, não é programada com a devida antecedência e também é feita sem critérios objetivos;
·         As reuniões do Conselho Deliberativo são pouco abertas a questionamentos;
·         A contratação e a avaliação de desempenho de profissionais da gestão são realizadas sem método visível e sempre ocultas entre quatro paredes, sujeitas a alto nível de subjetividade;
·         Há uma desatenção com as lideranças santistas que constituem a massa social do clube;
·         Há a manutenção de um ambiente de muitas controvérsias e insatisfações reprimidas, tanto entre dirigentes como entre a torcida, sem que as mesmas sejam esclarecidas;
·         Falta um plano de metas de curto, médio e longo prazo mais visível e com avaliações periódicas abertas a todos os Conselheiros e Associados;
·         Ocorre um isolamento crescente do grupo no poder do corpo social do clube.

Esses fatos levaram a AMRS a pensar no futuro do Santos e em como se posicionar daqui para frente. Nesse processo, decidimos, com a adesão de nossos associados, pela retirada do apoio a essa diretoria que ajudamos a eleger. Entendemos que uma gestão que não respeita os princípios da transparência, do profissionalismo e da democracia preconizados pela AMRS não pode ser apoiada por nós. Nos propomos a participar de discussões que possam reagrupar politicamente os santistas em torno de ideais democráticos e participativos. Nosso objetivo é novamente impulsionar o Santos a crescer e a assumir uma postura de clube inovador e de liderança efetiva no futebol brasileiro.

Atenciosamente,

Fábio Vianna

Presidente da Associação Movimento Resgate Santista

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