Oito títulos, 247 jogos, 42 gols e cinco anos e meio depois, Chicão está deixando o Corinthians. Ele acertou na manhã de ontem sua transferência para o Flamengo, onde vai jogar até dezembro de 2014. O zagueiro saí do Parque São Jorge chateado com a diretoria alvinegra, que não teria o valorizado – o Timão não cobrou qualquer centavo do Flamengo para liberá-lo. Antes de viajar para Estiva Gerbi, cidade no interior de São Paulo aonde está passando o fim de semana com os filhos, Chicão falou com exclusividade comigo pelo telefone. Abaixo, a entrevista que publicada na íntegra hoje no Diário de S. Paulo.
Qual o sentimento ao deixar o Corinthians cinco anos e meio depois?
Eu saio triste pelo jeito como fui tratado pela diretoria, mas ao mesmo tempo feliz pelo desafio de jogar em outro grande clube, como o Flamengo.
Por que você não ficou no Corinthians?
Eu sempre disse nas minhas entrevistas que queria ficar. Não estou saindo porque eu quero, mas por opção do presidente Mario Gobbi, do Edu (gerente), do Roberto de Andrade (diretor de futebol) e do Duílio Monteiro (diretor adjunto).
O clube garante que ofereceu a possibilidade de renovação do contrato por mais um ano.
Não teve isso. Há vários dias que venho tentando conversar, mas em momento nenhum o Corinthians fez proposta. Fica difícil continuar em um lugar onde não te querem e em que você é reserva.
Como foi a conversa para definir sua saída?
Quando surgiu a proposta do Flamengo, fui conversar com o Edu, o Roberto e o Duílio. Logo de cara, eles falaram que eu já estava liberado. De graça. Sem nenhum problema.
Você esperava um tratamento diferente?
Claro. Estou há cinco anos e meio aqui. Ganhei absolutamente tudo e merecia mais consideração.
A torcida chegou a pedir para você ficar no último jogo. O que tem a dizer para ela?
Eu só posso dizer muito obrigado. Tenho um carinho enorme por todos os torcedores e jamais vou me esquecer. Mesmo nos piores momentos, como em 2011 e agora, eles sempre estiveram ao meu lado. Eu até me arrepio ao lembrar da torcida pedindo para eu ficar. E olha que eu estava no banco de reserva.
Você nunca escondeu que tinha a pretensão de se tornar o maior zagueiro artilheiro da história do Corinthians.
Infelizmente, não vai dar para alcançar essa marca (Grané, zagueiro e lateral nas décadas de 1920 e 30 fez 50 gols, oito a mais que Chicão). Mas está bom demais. No Corinthians eu fui muito, mas muito feliz. Ganhei tudo o que poderia, virei ídolo de uma das maiores torcidas do mundo e passei a ser respeitado no meu país.
Como foi a despedida com os companheiros?
Foi emocionante. Conheço todo mundo do Corinthians há bastante tempo. Desde as tias da cozinha, passando pelos jardineiros, jogadores... Deu até vontade de chorar, mas o futebol é assim mesmo.
E o que espera em sua nova vida no Flamengo?
Estou indo com uma grande expectativa e achando que posso ter minha missão facilitada por já conhecer muita gente lá. Afinal, tem André Santos, Ramon, Elias, Felipe, Wallace, Mano Menezes… Já trabalhei com todos eles no Corinthians.