Dualib (à esq.) ao lado de Andrés e André Negão |
Qual foi a sensação do senhor ao visitar a obra do futuro estádio corintiano?
Alberto Dualib: Foi bem legal. Gostei muito e até chorei quando me deparei com aquela obra fantástica.
Por que chorou?
É que passa um filme na cabeça. Fui presidente por 14 anos e cheguei a tentar dar um estádio para o Corinthians várias vezes. Inclusive, era para ser em Itaquera mesmo. Teve até planta, demos entrada do projeto na Prefeitura... mas os oleodutos no terreno atrapalharam tudo.
O que mais chamou a atenção do senhor?
É o estádio mais moderno ao qual eu já fui na vida. E olha que estive em todos os últimos estádios inaugurados na Europa. Adorei os telões, a cobertura, o sistema de som, o mármore... Tudo de muito bom gosto, sem economia.
O senhor não vai a um jogo do Corinthians desde que deixou a presidência, em 2007. Será possível encontrá-lo no novo estádio, ano que vem?
Deu muita vontade de ir, sim, ainda mais depois de imaginar 50 mil pessoas cantando. Hoje em dia, não consigo andar muito, nem subir escada. Mas, como o estádio terá elevador e escada rolante, certamente irei a algum jogo.
E como está a saúde do senhor atualmente?
Acabei de passar por mais um check-up. O médico falou que, apesar dos 93 anos, estou bem. Devo viver mais uns dez.
Apesar de ter saído do clube pela porta dos fundos, em 2008, o senhor segue torcendo pelo Corinthians?
Claro! Não perco os jogos, mas só assisto a eles pela TV.
Guarda mágoa de alguém do clube, após ter pedido para deixar de ser sócio, evitando assim a expulsão?
Guardo de alguns vice-presidentes que se bandearam na hora em que eu mais precisava deles. Prefiro não citar nomes, mas eles certamente vão vestir a carapuça.
E do Andrés Sanchez?
Não tenho nada contra ele. Inclusive, nós nos falamos até hoje. Política é assim mesmo.
Qual avaliação faz da administração do Andrés, que o sucedeu no Corinthians?
Foi espetacular. A gente até estava falando sobre isso no domingo. Enquanto o Corinthians arrecadava R$ 38 milhões por ano na minha época, hoje fatura esse valor por mês.
Teria feito algo diferente se pudesse voltar ao tempo em que era presidente?
Acho que nada. Muita gente me critica por ter ficado 14 anos no poder. Só se esquecem de dizer que era assim com todos os outros presidentes. O Mustafá (Contursi) ficou 15, o Eurico (Miranda), 20...
E sobre os escândalos financeiros da sua gestão?
O que eu posso dizer é que pus muito dinheiro pessoal no clube. E tenho tudo isso documentado, para provar.
Pensa em processar o clube para recuperar o dinheiro?
Não. Isso não vai acontecer, até porque eu já sabia que o Corinthians precisava de um presidente abonado quando assumi o clube.
Em sua gestão, houve superfaturamento de R$ 5,4 milhões, por exemplo, na compra de pães franceses.
Isso já foi esclarecido. Na época, a gente repassava os pães a 300 crianças que viviam lá em Itaquera. O departamento amador também consumia muitos pães. Sem contar que parte das compras ia para o restaurante do Parque São Jorge, que eu construí.
E sobre a compra de cloro das piscinas? O clube pagava R$ 60 mil, quando não precisaria gastar mais do que R$ 15 mil.
Eu, como presidente, não conseguia ficar fiscalizando tudo. Muito menos a quantidade de cloro. Por isso, eu tinha vice-presidentes e diretores.